As eleições e a escatologia pessimista

Tenho observado que muitos irmãos que são adeptos de uma escatologia pessimista têm demonstrado bastante preocupação quanto ao futuro do nosso país. Isso é bastante louvável.

Têm publicado bastante, debatido, participado ativamente das campanhas eleitorais, alertado sobre as possíveis consequências de uma votação errônea. Isso é, também, digno de reconhecimento.

Entretanto, tal postura demonstra uma incoerência quanto à crença. Por quê?

Porque a escatologia pessimista ensina, dentre outras coisas, que, para Jesus vir arrebatar a sua igreja, o mundo deverá passar por um verdadeiro colapso, com uma apostasia mundial, havendo uma degradação em todas as áreas, possibilitando a criação de um cenário ideal para o aparecimento de um líder político mundial, o anticristo.

Assim, cabe perguntar aos irmãos que creem numa escatologia pessimista:

Se vocês querem mesmo tanto o bem do Brasil, estando ativos nas proposições político-partidárias, não estariam indo contra a crença de vocês que este mundo, obrigatoriamente, terá de piorar?

Não estariam vocês indo contra aquilo que vocês entendem da Palavra de Deus, retardando a vinda de Jesus, uma vez que se deve apressá-la?

Vocês não deveriam estar bem tranquilos, agora, olhando para a falência do nosso país e dizendo: “tem que ser assim para que se cumpra a Palavra de Deus”?

Por que buscar tanto uma coisa boa, sabendo que o final não será bom? Estaria Deus nisso?

Mas, não, vocês ainda têm esperança em dias melhores; querem, desejam e lutam para que o Brasil prospere e para que haja um futuro melhor para vocês e todos nós.

Então, o que isso nos mostra?

1. A escatologia pessimista é uma falácia, pois, na prática, os seus adeptos a ignoram.

2. Mesmo aqueles que dizem não crer numa escatologia da esperança, a vivem na prática.

3. A incoerência entre fé e prática nos leva a considerar se estamos seguros em Deus.

4. Que Deus nos ama, acima da nossa própria ignorância, nos mostrando a realidade todos os dias.

5. Que já é tempo de rejeitarmos uma escatologia pessimista e fantasiosa que não colabora com a edificação de ninguém.

Deus abençoe a todos.

* Wilton Chini é professor de teologia no Rio de Janeiro e participa ativamente do CEBIMC - Centro de Estudos da Maturidade Cristã.